Emoção: força impulsionadora da vida manifesta

AutococonhecimentoEmoção: força impulsionadora da vida manifesta

Emoção: força impulsionadora da vida manifesta

Há diversas formas de abordar as emoções. Temos conhecimentos provenientes das antigas tradições hindu, sufi, budista, etc., bem como, conhecimentos adquiridos de estudos e pesquisas realizados nas últimas décadas, dentro da relação cérebro-mente.
No contexto da evolução humana, do ponto de vista das nossas necessidades evolutivas, podemos situar as emoções em duas categorias: relacionadas à sobrevivência (mais egoístas) e às emoções/sentimentos criativos ou transpessoais (mais altruístas).
I – PENSENE:
O ser humano é uma estrutura complexa, onde todas as suas partes se misturam, se envolvem, se completam. Não há partes isoladas, mas tudo está ligado, junto, coordenado.
A nossa autoexpressão se dá por uma unidade básica de manifestação, a qual conhecemos por PENSENE = a idéia ou pensamento (PEN) + a emoção ou sentimento (SEN) + a energia (ENE).
Sua principal característica é a indissocialibilidade dos três elementos, que atuam juntos. Não é possível a manifestação concreta do pensamento sem que esteja impregnado de algum sentimento, emoção ou afetividade; nem a manifestação concreta de alguma energia consciencial, sem conduzir consigo certa mescla de sentimento ou emoção.
A doação e a recepção de energias interconscienciais podem alterar, no máximo, apenas 1/3 dos componentes dos pensenes da consciência: o específico à EC. Os outros 2 componentes dos pensenes, os pensamentos e os sentimentos/emoção, somente a própria consciência pode modificá-los, através da vontade, seja de modo consciente ou inconsciente.

II – EMOÇÕES:
“Os teus pensamentos seguem a linha direcional das tuas aspirações. O que anelas (anseias, almejas) na emoção, elaboras na construção mental. Sucederá, portanto, conforme o queiras” (Joana de Ângelis/Divaldo Franco, em Momentos de Saúde e de Consciência – p. 22)
A frase acima demonstra que há ligação íntima entre o corpo emocional e o corpo mental, como percebemos quando falamos sobre os pensenes.
Conhecer/estudar as nossas emoções nos permite conduzirmo-nos com mais facilidade na vida, nos relacionamentos que obrigatoriamente/naturalmente estabelecemos, além de facilitar as nossas tarefas de auto e heteroassistência.
Para atingir o objetivo desse nosso minicurso, vamos destacar desse conjunto as emoções, para estudá-las “separadamente”, e apenas didaticamente.
A emoção é a força motora do ser humano pois lhe aviva o pensamento, impele a ação e é como vapor da locomotiva, já que sem ela, ficaria o homem passivo e inerte.
A emoção é, pois, o impulso da obra.
No entanto, desgovernada, a locomotiva da emoção, ainda que movida por bons propósitos, poderá causar muitos danos. Por isso, elas precisam do comando do autodiscernimento (atribuição primordial do mentalsoma), que as organiza, assim como aos anseios e vibrações afetivas mais íntimas, alcançando a condição de serenidade razoável no contexto de vida.
Quando não nos permitimos o uso do mental para coordenar as emoções, vemos apenas as vibrações da emoção, e as coisas vistas exclusivamente sob esse prisma chegam à nossa inteligência desfiguradas, deformadas e sem os seus detalhes.
A razão reta deve dirigir e governar as emoções para que seu exercício dê bons resultados.
Imagine-se uma charrete: as emoções são o cavalo; a mente são as rédeas e o dominar e guiar o carro é a ação do seu condutor. Ou para uma corrida desgovernada ou um bom passeio!
A emoção move, a inteligência governa e guia e o eu emprega a sua atividade com maior vantagem para ser dono e não vítima das emoções.
O amor é a força construtora do universo, sendo sua energia básica.
Por isso, a emoção é tão importante, assim como é importante ter o máximo de conhecimento sobre o seu corpo emocional, sobre o quanto suas influências repercutem nos nossos comportamentos.
Há uma máxima usada para resumir essa Lei Universal de Amor:
“Olhai os velhos como pais; os menores como filhos”.
Nisto se resumem as relações humanas, das quais a família é a unidade mais básica e a partir da qual podemos compreender a complexidade dos entrelaçamentos que nos une em grupos cada vez maiores e mais amplos, mas que formam a única e imensa teia das interrelações entre os seres humanos que habitam o Planeta Terra.
Na família se estabelecem as primeiras relações definidas e permanentes entre os seres humanos, e da harmonia de relações, dos benefícios que chegam a cada um dos membros, depende a sua felicidade. Por ser a unidade social mais simples da sociedade, miniatura da sociedade civil, a família é um campo de estudo adequado ao desempenho da emoção.
A sociedade é constituída da reunião das famílias, mas como não há consanguineidade e se desconhecem os interesses comuns, surge a dificuldade de se engendrar no seio social mais emoções derivadas do amor, prevalecendo geralmente as que decorrem do ódio.
III – TIPOS DE EMOÇÕES:
Há uma lei que rege a recíproca e mútua manifestação das emoções, permitindo que uma emoção crie ou engendre outra.
É conhecida como a Lei da Correspondência das Emoções.
Todas as emoções estão contidas dentro do aspecto Amor/Ódio, sendo portanto apenas diferenciações destas duas emoções básicas, combinadas em classes de superioridade, igualdade e inferioridade.
A junção de duas ou mais emoções é o que forma uma emoção complexa. Cada um de nós tem uma emoção complexa que nos caracteriza.
Essa derivação das emoções pode ainda seguir leis especiais na composição de outra emoção, em razão inclusive das vivências e experimentações de cada consciência no seu processo evolutivo.
A emoção, qualquer que seja ela, adquire diferentes nuances em função de como nós nos definimos frente ao outro. Ou seja, há um ingrediente a mais que vai qualificar o grau e a intensidade da emoção que eu sinto: é justamente a relação de superioridade, igualdade ou inferioridade que eu construo e/ou identifico em mim próprio diante do outro.
Então, por exemplo, nas relações recíprocas entre pais e filhos percebe-se mais vigorosamente as classes de inferioridade e superioridade física, de modo que as emoções amorosas se manifestam continuamente por ambas as partes.
Todas as relações amorosas se resumem nestas três ordens: de superior a inferior, de igual a igual e, de inferior a superior.
Os pais podem manifestar ternura, compaixão e proteção (linhagem da benevolência) ou, generosidade, indulgência e paciência (linhagem da veneração) para com os filhos.
Estes, por sua vez, correspondem com gratidão, fidelidade e confiança (linhagem da benevolência), ou com obediência, oficiosidade e respeito (linhagem da veneração).
A linhagem da benevolência reflete o amor que olha para baixo, ao inferior, ao débil; e a linhagem da veneração refere-se ao amor que olha para cima, ao superior, ao forte.
Já nas relações ordinárias entre esposos e entre irmãos fica evidente a manifestação de amor entre iguais, e caracteriza-se pelo desejo de auxílio mútuo.
Do mesmo modo, se dá com a emoção de ódio manifestada em seus diferentes graus:
a) Nas relações ordinárias entre esposos, o temporariamente superior mostra dureza, crueldade e opressão, enquanto o temporariamente inferior manifesta vingança, temor e dissimulação (manifestações próprias da debilidade).
b) Nas relações ordinárias entre pais e filhos, a manifestação de tirania é correspondida com hipocrisia, servilismo e covardia (enquanto o filho é criança), ou de desobediência, rebeldia e vingança (quando já adolescente).
O ódio ao inferior é menosprezo e o ódio ao superior é medo. O ódio entre os iguais se manifesta como cólera, hostilidade, desatenção, violência, agressividade, falsidade e indolência, resultando em mútua agressão.
Todas as manifestações do amor estão caracterizadas pela simpatia e abnegação, desejo de dar. Estes são os seus fatores essenciais nas modalidades de benevolência, mútuo auxílio e veneração, pois todas elas se subordinam à atração que une e são da verdadeira natureza do amor.
O amor pertence ao aspecto vital do Universo.
Todas as manifestações do ódio estão caracterizadas pela antipatia, pelo egoísmo e o desejo de receber. Estes são fatores essenciais nas modalidades de menosprezo, de mútuo agravo ou temor, pois todas elas se subordinam à repulsão e separam um do outro.
O ódio é essencialmente separatista e pertence ao aspecto formal do Universo.

IV – EMOÇÕES X SENTIMENTOS:
Pelo que estudamos até aqui, não temos mais dúvidas quanto à importância das emoções nas nossas vidas.
Toda emoção levanta violentas vibrações que se transmitem pelo contágio; toda vibração suscita vibração de mesma índole, causando resposta igual a si mesma.
Geralmente, o aspecto emocional prevalece contra o aspecto intelectual na maioria de nós. Enquanto alguém está arrebatado pelas emoções, a sua visão não se torna clara, turva-se.
Por isso precisamos da razão/inteligência para as dirigir para um mesmo objetivo. Juntando inteligência desenvolvida e emoção vigorosa, de modo que haja a visão exata para o serviço a ser realizado.
Vamos agora ver uma distinção que sempre fazemos nas nossas palestras e cursos: emoção é diferente de sentimento.
Usualmente, essas duas palavras podem se apresentar como sinônimos, mas mesmo os significados fornecidos pelos dicionários trazem algumas diferenças:

  • emoção: ato de deslocar, movimentar; agitação de sentimentos; abalo afetivo ou moral; turbação, comoção; reação moral, psíquica ou física, geralmente causada por uma confusão de sentimentos que, diante de algum fato, situação, notícia etc., faz com que o corpo se comporte tendo em conta essa reação, expressando alterações respiratórias, circulatórias; comoção.
  • sentimento: ato ou efeito de sentir(-se); aptidão para sentir, disposição para se comover, se impressionar, perceber e apreciar algo etc.; sensibilidade; estado e a reação diante de acontecimentos e situações; conhecimento intuitivo sobre; modo de se comportar definido pelo afeto; demonstração de vigor, de energia; entusiasmo; intuição pessoal; pressentimento; sensação de pesar; expressão de mágoa; tristeza.

Para a Conscienciologia, de acordo com o artigo “Autocognição dos Sentimentos Elevados”, de Nilse Oliveira e Lucimere Biella, essa distinção se faz da seguinte maneira:

  • emoção: manifestação reativa de intensidade e duração variáveis expressando alterações somáticas explícitas emergentes do instinto animal, em geral acompanhada de desorganização das energias conscienciais, abalo efetivo, turbulência mental e perturbação moral, com predomínio do psicossoma imaturo ou em fase de amadurecimento.
  • sentimento: manifestação ínsita, natural e espontânea, expressando graus variados de administração das energias conscienciais, do equilíbrio efetivo, da acalmia mental e de ajuste cosmoético, com predominância do psicossoma, despontando para a expressividade do mentalsoma. Para efeito dos objetivos do nosso aprendizado hoje, vamos considerar, além do que está definido acima:
  • emoções = dependem apenas de nossas faculdades sensoriais, são comuns ao homem e a alguns animais. Há sempre algum estímulo externo vinculado na sua manifestação.
  • sentimentos = estados afetivos produzidos por diversos fenômenos da vida intelectual ou moral e espiritual. Subordinam-se às nossas faculdades intelectuais e são exclusivas do ser humano. Vinculam-se ao corpo mental e necessariamente está em nós, sem que haja uma motivação externa para que se manifestem.
    Ambos os termos estão interrelacionados, uma vez que o sentimento é uma espécie de emoção mais suave, delicada e de maior duração.
    Os sentimentos representam formas estáveis que sucedem às formas agudas e violentas de emoção.
    Resumindo:
  • o sentimento é uma emoção… mais atenuada, mais duradoura e mais rica de processos intelectuais; com organização mais forte, elaboração mais consciente e permanência mais demorada.

“saber de que modo as emoções nos influenciam é discernir de que maneira a própria consciência funciona, pois, o autodiscernimento afetivo é a identificação da força interna impulsionadora da vontade” (artigo: Dicionário da Afetividade Positiva – Ricardo Corrêa)

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Colaboradora e pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas Biofísicas (CEPP), com formação acadêmica em Comunicação Social e em Filosofia, ambas pela Universidade Federal da Paraíba.

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