Apanhar no mesmo beco e do mesmo cacetete
Eu tava lembrando hoje de quando era criança e morava na rua Panatís, bairro Belo Horizonte, na cidade de Patos-PB. Era uma rua comprida, as casinhas todas coladas umas nas outras, com uma porta e uma janela apenas, que dava na calçada já na rua, sem nenhum anteparo entre a rua lá fora e o interior da casa; privacidade zero.
Mais ou menos na metade dessa rua comprida saía um beco estreito que ligava Panatís com a rua de trás que agora não me recordo o nome. O bairro era de pobre, éramos todos muito pobres. Pra se ter uma ideia, a escola do bairro não tinha carteira para os alunos sentarem. A gente levava e trazia, todos os dias, um tamborete de casa pra sentar e escrever com o caderno no colo, na escola. Imagina então a situação de quem morava nesse beco. Tinha também muita violência lá. Devido a sempre ter pancadaria e briga o lugar ficou conhecido como o “Beco do Cacete”. As pessoas tinham medo de passar pelo beco em determinadas horas. Preferiam andar mais para atravessar pra rua de trás, do que cortar caminho pelo beco. Era sempre arriscado passar por lá, principalmente à noite; e levar um molho de pau. Portanto, quem já tinha passado e apanhado não repetia a dose.
Anos depois, o Beco do Cacete me serviu de inspiração para criar uma expressão que acabou “pegando”, durante as aulas ministradas no CEPP (Centro de Estudos e Pesquisas Psicobiofísicas); aulas estas sobre vários temas da Conscienciologia. A expressão: “apanhar no mesmo beco, do mesmo cacetete” serviu para ilustrar o fato das pessoas que não aprendem as lições que a vida lhes traz, ou que não aprendem pelo exemplo ou conselho dos mais velhos. Acabam sempre tendo que apanhar no mesmo beco e do mesmo cacetete.
Recorrente no erro, recorrente no corretivo que a própria vida lhe dá. No caso lá do beco, a pessoa que já tinha levado uma cacetada, passar novamente por lá, era sinal de pouca inteligência, assim como no caso das lições de vida não aproveitadas.
De minha parte criei o hábito de me perguntar, sempre ao me encontrar em apuros, “o que esta situação está querendo me ensinar?” ou se for algo recorrente: “o que ainda não assimilei, para estar aqui novamente atravessando o ‘o beco do cacete’ a estas horas da noite?”
Termino o texto com um ar de riso; afinal, o bom humor é para mim inspiração!
Goretti Medeiros
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