Capítulo 6 – Paraíso: sabedoria e conhecimento!
O livro “Questões sobre o Gênesis”, de autoria de Fílon, é escrito em forma de perguntas que citam as passagens do Gênesis segundo a Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento), seguindo-se de respostas oferecidas por Fílon à luz das interpretações e estudos que ele próprio desenvolveu.
Para Fílon, em cada versículo do livro sagrado é preciso ir além do seu sentido literal, pois há sempre uma simbologia que se manifesta nas palavras concretas.
O Paraíso bíblico é interpretado por ele como uma alegoria que trata da “sabedoria ou ciência do divino e do humano e de suas causas”, porque “não é possível que a natureza veja, nem é possível sem sabedoria louvar ao criador de todas as coisas. E Suas ideias, o Criador plantou-as como árvores na coisa mais soberana, a alma racional.”
E mais:
“(…) o Paraíso deveria pensar-se como símbolo da sabedoria. Pois o homem formado do barro da terra é uma mistura e constitui-se de corpo e alma, e necessita de educação, instrução, e é desejoso, de acordo com as leis da filosofia, de ser feliz”.
Nessa mesma linha interpretativa, o teólogo explica como devemos entender a alegoria sobre “a árvore da vida” ou “a árvore do bem e do mal”:
“(…) é a prudência, e esta é a ciência da sabedoria, por meio da qual as coisas boas e belas são distinguidas das más e ruins (…) Ora, a sabedoria que está neste mundo não é Deus, mas é verdadeiramente obra de Deus; ela vê a natureza e examina-a cuidadosamente. Mas a sabedoria que está no homem vê com olhos obtusos, confundindo uma coisa com outra, pois é débil para ver e entender pura, simples e claramente cada coisa por si mesma. Razão por que um tipo de engano se imiscui na sabedoria do homem, assim como para os olhos algumas sombras são muitas vezes impedimento para notar repentinamente a luz pura e sem mistura. Pois o olho é para o corpo o que o intelecto e a sabedoria são para a alma”.
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